sábado, 18 de outubro de 2008

DA MOLDURA DO MUNDO

pic by Hermes Bezerra

Mea culpa
o roçar sensível, em minhas barbas, da ampulheta.

Faço sons (um frenesi!) com seu cristal
a toda hora...

E é algo, sim, de ardente e triste
a ânsia por ouvir, contínua
a areia tocar a areia...

Como se ao contrário,
uma vez esquecida (na placidez do grão)
pudesse compreender o impossível.
Ou então, melhor, desertar da compreensão
extinguindo o movimento.

Mas esse rio caudaloso,
essa violência estupenda
na hora de soltar as areias ao ar
[no resurrections]
a varrer tudo o que é cândido ou sórdido
me pasma e cala a palavra.

Ainda que em imenso silêncio, eu sei,

Eu sei.

É bela a moldura do mundo.



C. E. Henning

Nenhum comentário: