
Mea culpa
o roçar sensível, em minhas barbas, da ampulheta.
Faço sons (um frenesi!) com seu cristal
a toda hora...
E é algo, sim, de ardente e triste
a ânsia por ouvir, contínua
a areia tocar a areia...
Como se ao contrário,
uma vez esquecida (na placidez do grão)
pudesse compreender o impossível.
Ou então, melhor, desertar da compreensão
extinguindo o movimento.
Mas esse rio caudaloso,
essa violência estupenda
na hora de soltar as areias ao ar
[no resurrections]
a varrer tudo o que é cândido ou sórdido
me pasma e cala a palavra.
Ainda que em imenso silêncio, eu sei,
Eu sei.
É bela a moldura do mundo.